“Valdenise Batista Veloso e Cláudio Redede realizam trabalho com agrofloresta.”

“A necessidade cada vez mais urgente de promover a conservação e a restauração da Mata Atlântica tem feito com que a área seja foco de vários projetos apoiados por grupos como a Fundação Grupo Boticário. Atualmente, restam cerca de 32 milhões de hectares dessa Mata no Brasil. Números preocupantes, embora à primeira vista possam parecer impressionantes. Esses “milhões de hectares” correspondem a apenas 28% da cobertura original, segundo estudo financiado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).

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O levantamento em questão faz parte de uma tese de doutorado desenvolvida na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicado na edição de dezembro de 2018 do periódico científico “Perspectives in Ecology and Conservation”. O mapeamento considera todo tipo de vegetação nativa, sem filtro por tamanho de fragmento, o que inclui pedaços pequenos demais para serem perenes e florestas secundárias ainda muito longe do seu clímax de biodiversidade.

Outros trabalhos, como os desenvolvidos pela fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo MapBiomas, apontam que esse número cai drasticamente quando é considerada a cobertura de matas bem preservadas (12-17%), em estágios médio e avançado de regeneração e com área de pelo menos três hectares.

Qualquer que seja a métrica escolhida, o quadro atual está longe do objetivo de médio prazo disposto na lei federal nº 11.428/2006, que prevê a volta de 35% e 40% de cobertura vegetal nativa na Mata Atlântica. Nessa porcentagem estariam incluídas Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reservas Legais dos imóveis rurais, unidades de conservação públicas e privadas e outros remanescentes.

Mesmo que, no geral, o desmatamento desse bioma venha caindo nos últimos dois anos, alguns dos 17 estados que abrigam esse tipo de vegetação ainda preocupam. De acordo com o levantamento anual do SOS Mata Atlântica, atualmente o Paraná é o terceiro estado que mais desmata o bioma, perdendo apenas para Minas Gerais e Piauí. Entre 2017 e 2018 foram destruídos 2.049 hectares, um aumento de 25% em relação ao ano anterior. A Mata Atlântica é o bioma predominante no Paraná, originalmente presente em 99% de sua área. Atualmente, restam 11,8% (2,3 milhões de hectares) desse total.”