Sem citar quais são os três motivos de nulidade, o advogado explicou que a partir desta parte do processo, Gabriel será defendido pela advogada Poliana Pinheiro
O caso do jovem Gabriel Muniz, de 21 anos, e da namorada Lívia Lima Simões Paiva Pedra, 20 anos, ganha mais um capítulo. Agora, a defesa quer que a denúncia contra ela seja rejeitada pela Justiça, alegando ausência de provas.
Lívia foi apontada pela Polícia Civil como a autora das lesões em Gabriel. O jovem teve a barriga aberta e parte do intestino retirado enquanto o casal estava na Praia do Ermitão, em Guarapari, em janeiro deste ano.
O advogado Lécio Machado, que agora defende apenas Lívia no processo, afirmou que entrou com uma resposta à acusação, que será encaminhada ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
“Para mim, a denúncia é nula. Há três motivos de nulidade na denúncia. No processo, estou só na defesa da Lívia, por uma questão processual. Eles continuam namorando ainda, mas o processo determina que seja assim”, afirmou.
Sem citar quais são os três motivos de nulidade, o advogado explicou que a partir desta parte do processo, Gabriel será defendido pela advogada Poliana Pinheiro.
Polícia aponta Lívia como autora dos cortes
A Polícia Civil do Espírito Santo, por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari, concluiu que a namorada do rapaz de 20 anos, encontrado com intestino arrancado na Praia do Ermitão, foi a responsável por cortar a barriga do jovem.
Segundo titular da DHPP Guarapari, delegado Franco Malini, a polícia trabalhou com muito sigilo até a conclusão do inquérito. Ao final das investigações, foi concluído que a estudante Lívia Lima Simões Paiva Pedra, de 20 anos, cortou a barriga do namorado.
“A polícia ouviu todas as pessoas que conseguiram identificar. O local é ermo, então foram ouvidos vigias, seguranças e porteiros de prédios próximos. Nossa conclusão foi de que, além do casal, ninguém mais entrou no lugar naquele dia”, disse o Malini.
Segundo ele, duas situações levaram a polícia a concluir que a jovem é responsável pelo corte: primeiro, o fato das investigações apontarem que apenas os dois estavam no local. Segundo, as lesões encontradas na mão da estudante.
“Essa investigação não poderiam se basear em provas testemunhais, porque apenas os dois estavam no local. A conclusão de que foi ela a responsável se deu quando foi confirmado que só estavam os dois. O segundo ponto, são as lesões que ela apresentava, típicas de ataque. Isso leva a crer que ela lesionou o rapaz, possivelmente deu socos no rosto dele e também fez o corte na barriga”, explicou o delegado.
Malini afirmou ainda que os dois relataram à polícia que tiveram alucinações pelo uso de LSD, conhecido como “quadradinho”. Em depoimento, o casal disse se lembrar apenas do momento em que beberam vinho e usaram a droga, mas não contaram onde conseguiram a droga.
“Eles relatam que tiveram alucinações pelo uso da droga, mas falam que não se recordam do que aconteceu. Eles relataram não lembrar do que ocorreu, apenas que beberam vinho, ingeriram droga e perderam a consciência. Ao retornarem à consciência, o rapaz já estava com a barriga cortada”, disse o delegado.
“Corte era grosseiro, irregular e não-cirúrgico”
Segundo a polícia, a estudante combinou com a mãe que chegaria em casa até 1h, mas o horário passou e a jovem não chegou em casa. Diante disso, a mãe começou a ligar para ela, mas as chamadas só foram atendidas às 2h20.
“Por volta de 2h20, ela atendeu a ligação da mãe e, segundo ela, só foi possível escutar a voz da filha. Em alguns momentos, a mulher ouviu o rapaz falando “Praia do Ermitão”, que foi como ela conseguiu deduzir o local que eles estavam”, explicou o delegado.
“O que o Samu relata é que o corte é irregular, grosseiro e não-cirúrgico, que pode ter sido feito com um caco de vidro”, disse Malini.
O delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, afirmou que as primeiras pessoas a chegarem no local foi a equipe do Samu. Diante disso, a Polícia Militar foi acionada e parte de um órgão do jovem, que estava no local, foi recolhida e levada para a delegacia.
Jovem se pronuncia e defende namorada
Gabriel se pronunciou, no último domingo (01), sobre os desdobramentos do caso. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ele defendeu a namorada e afirmou que ela também foi uma vítima.
No vídeo, Gabriel Muniz questiona os argumentos apresentados pela polícia. O rapaz defende a ideia de que haveria uma terceira pessoa no local do crime, que ocorreu em 16 de janeiro, na Praia do Ermitão, em Guarapari
“É obvio que minha namorada não tem nada a ver com isso. Assim como eu, ela é uma vítima desse acontecimento. Fica claro que tinha uma terceira pessoa que fez isso com nós dois. (…) Primeiro de tudo, nós fomos roubados, mas parece que isso não foi levado em conta”, explanou.
Além disso, Gabriel argumenta que há outras formas de acessar a Praia do Ermitão, além da portaria principal. Na portaria há câmeras de segurança que registraram o momento que os dois jovens chegaram ao local e quando foram socorridos.
MPES denunciou namorada do jovem
No último dia 20 a Justiça aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) contra a estudante Lívia Lima Simões Paiva Pedra.
Dessa forma, a estudante passou a ser ré no processo penal e responderá por lesão corporal grave, cuja pena é de reclusão de 2 a 8 anos. Com base na investigação feita pela Polícia Civil, o MPES considerou que a jovem foi a autora das lesões apresentadas no corpo do namorado.
Fonte: Folha Vitória