Na decisão, juiz apontou que o policial precisa da arma para sua defesa e autorizou a volta de Anderson Carlos Teixeira para Minas Gerais. O policial aposentado atirou e matou o cachorro da raça golden retriever no sábado (9).
A Justiça do Espírito Santo mandou devolver a arma do subtenente da Polícia Militar aposentado, Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, que matou um cachorro a tiros em Guarapari, no Espírito Santo.
O juiz Edmilson Souza Santos disse na decisão que o policial precisa da arma ‘para sua defesa’. Algumas medidas cautelares impostas ao PM também foram suspensas. Antes, ele não podia sair da Grande Vitória sem autorização prévia, mas foi autorizado a voltar para Minas Gerais.
Mas ele foi proibido de deixar o estado de residência por mais de 15 dias sem prévia autorização da Justiça.
“O policial militar combate o crime, via de consequência, a arma de fogo é instrumento de defesa e sua integridade física/vida”, pontuou o juiz Edmilson Souza Santos em trecho da decisão.
O reportagem tentou contato com Anderson e sua defesa, mas não conseguiu nenhum retorno até a última atualização desta reportagem.
Anderson vai responder ao processo em liberdade, mas segue proibido de frequentar, bares, boates, prostíbulos e assemelhados.
A família que era tutora do cachorro Churros, postou nas redes sociais que ficou indignada com a decisão. André o pai de Iasmin, André Luiz Peçanha, postou um vídeo comentando.
“Estou aqui estarrecido com a decisão do juiz. O cidadão, ele conseguiu reverter todas as decisões cautelares do juiz da audiência de custódia do domingo, inclusive recuperou a arma e já voltou para Minas Gerais. Decisão judicial a gente acata, eu respeito. Mas a minha indignação é muito grande. Primeiro porque sou pai de família e estou correndo risco, nós estamos correndo risco. Uma violência gratuita que nós não participamos, nós não defendemos”, disse André.
Crianças em estado de choque
André contou que as crianças que presenciaram o momento dos disparos ficaram muito abaladas. Uma delas, que tem autismo leve e era muito apegada ao cachorro, praticamente não fala.
“Ele tinha se desenvolvido muito com o contato com o Churros e agora parece que regrediu uns 4 anos. Não fala, não quer comer, está retraído. Não sabemos nem como agir”, comentou André.
Vídeo mostra ação
Câmeras de segurança gravaram o desespero da família ao ver o cachorro da raça golden ser atingido pelos disparos.
As imagens foram divulgadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos Contra Animais nesta quarta-feira (13), que se reuniu para uma sessão na Assembleia Legislativa.
O suspeito, policial militar aposentado, Anderson Carlos Teixeira não compareceu e vai ser convocado novamente pela CPI.
Se na terceira convocação ele não comparecer, pode ser solicitada a condução coercitiva, para que ele seja obrigado com força policial a comparecer a sessão.
As imagens de uma das câmeras mostram a rua deserta, quando o subtenente Anderson aparece de camisa amarela e bermuda vermelha, andando na calçada.
Quando Anderson termina de atravessar a rua, se depara com Churros. O cachorro pula no policial, os dois se afastam, o golden pula novamente. Depois, eles somem da imagem, mas é possível ver crianças do outro lado da calçada se esquivando da situação.
Em seguida, Churros volta correndo e parece estar desnorteado. O cachorro já tinha sido atingido pelo tiro dado pelo policial.
As imagens vão ser entregues para a Polícia Civil e junto com todas as informações que foram apuradas.
O Ministério Público também vai notificar o autor dos disparos para que ele compareça a reunião da CPI. Foi solicitado uma análise da Polícia Técnico Científica, para que seja feita uma necropsia no corpo do animal, juntamente com a balística para poder identificar se o crime foi de defesa ou execução.
Fonte: G1