Guilherme Rocha, de 37 anos, foi morto após uma discussão com um vizinho, policial militar, por conta de música alta durante a madrugada
Na tarde desta segunda-feira (17), amigos e familiares se despediram do músico Guilherme Rocha, assassinado na madrugada do último domingo (16), após uma discussão com um policial militar no condomínio onde morava, em Jardim Camburi, Vitória.
Durante o cortejo, lágrimas, saudade, revolta e muita música. Querido pelos compositores capixabas, muitos tiraram um tempo para se despedir de Guilherme em seus últimos momentos.
“Guilherme sempre foi a expressão verdadeira da alegria e do músico por excelência, acima de tudo, um grande músico, companheiro de diversos músicos aqui de Vitória, do Espírito Santo, um amigo. Ele deixa realmente um legado de alegria e competência”, contou o músico e professor Jeferson Pontes.
Os amigos, ainda em choque, não conseguiam acreditar na perda precoce do músico de apenas 37 anos e ajudaram a mover o corpo rapaz para ajudar a esposa ainda durante a madrugada.
“Recebi um telefonema durante a madrugada me contando do ocorrido no condomínio, a pedido da esposa, mas não foi a esposa, ele pediu que outra pessoa ligar, porque ela estava dentro do apartamento. Pois se ela saísse veria o corpo dele, então fomos ajudar fazer o possível”, contou o amigo Renato Trevizani, visivelmente abalado.
“Um cara do bem, nunca teve desavença com ninguém, a gente está sem entender”, definiu Joubert Oliveira, amigo que também ajudou a transportar o corpo de Guilherme.
No momento do crime, o policial de 28 anos bebia com amigos na porta principal do prédio, quando Guilherme, que brincava com enteada, decidiu se queixar, pois já se passava das três da manhã e o grupo ouvia música muito alta.
De acordo com a síndica do prédio, Mônica Bicalho, reclamações sobre o PM são constantes e o próprio Guilherme já havia formalizado uma queixa no condomínio.
“A própria vítima pediu que parasse, porque eles começaram geralmente depois das 23h e só acabava às 5h da manhã. E enquanto condomínio, fizemos tudo dentro da lei. Foi uma notificação verbal, depois notificação por escrito, mas não deu tempo de entregar a multa”, relatou.
Após o crime, o policial chamou a PM e a equipe do Samu, mas disse que agiu em legítima defesa, pois Guilherme tentou tomar a arma da sua mão. A versão foi descartada pela síndica após analisar as imagens de segurança.
Na tarde desta segunda, a Polícia Civil decretou a prisão do policial, algo que foi celebrado pelo governador Renato Casagrande nas redes sociais, como uma vitória contra a impunidade.
Ao pai de Guilherme, Glício da Cruz Soares, resta apenas a saudade e o amor.
“Falar de Guilherme é falar de alegria, de vivacidade. Era um cara super alegre, companheiro, amigo, leal, excelente cozinheiro, um filhão educado, amoroso”, desabafou.
Folha Vitória