Durante o depoimento, em nenhum momento, Alexandra olha para os policiais. Além de não demonstrar reações, ela afirma que agiu sozinha. Ela contou que só confessou o crime porque viu o “sofrimento do Anderson”, o irmão mais velho de Rafael
Durante um novo depoimento, Alexandra Duogokenski disse que usou uma corda de varal, encontrada presa ao pescoço do filho, Rafael Mateus Winques, de 11 anos, para transportar o corpo. Porém, a polícia acredita que ela usou com a intenção de matar o próprio filho, já que a corda teria sido utilizada para asfixiar a criança. As informações são da Record TV.
Alexandra revelou aos investigadores que deu dois comprimidos de calmante para a criança, que estava agitada e não queria dormir. Porém, logo ela percebeu que ele estava diferente. “Tava com a boquinha roxa e as mãozinhas geladas. Eu não conseguia tirar ele assim, aí eu amarrei para ver se eu conseguia melhor com uma cordinha”, afirmou.
Em seguida o corpo do garoto foi levado para a casa vizinha, que estava vazia, colocado dentro de uma caixa de papelão com retalhos. “Eu coloquei ele deitadinho na caixa com o que tinha lá”.
Durante o depoimento, em nenhum momento, Alexandra olha para os policiais. Além de não demonstrar reações, ela afirma que agiu sozinha. Ela contou que só confessou o crime porque viu o “sofrimento do Anderson”, o irmão mais velho de Rafael, que também morava com a mãe em Planalto, no Rio Grande do Sul.
Para o delegado Eibert Moreira, houve um homicídio doloso, quando há intenção de matar. “Quando o autor de um homicídio usa uma arma de fogo é menos impactante para ele do que ver a face da vítima se transformar. É muito impactante isso”, concluiu.
O caso
Alexandra, que está presa preventivamente, já apresentou versões contraditórias. O crime que, até então, era considerado um homicídio culposo passa a ser um homicídio doloso qualificado após o laudo apontar que a criança foi morta por asfixia.
O menino desapareceu no dia 15 de maio na pequena cidade de Planalto, onde morava com a mãe e o irmão. A própria mãe foi até o Conselho Tutelar e disse que, quando acordou pela manhã, não encontrou o filho no quarto. E a polícia só soube do sumiço no dia seguinte.
Rafael Mateus era considerada uma criança tranquila e querida na região. O desaparecimento movimentou a vizinhança. Na época do desaparecimento a mãe chegou a falar com equipe da Record TV, pedindo ajuda para localizar o filho. Porém, tudo não passou de uma encenação, porque, alguns dias depois, ela confessou o crime à polícia.
O chefe da Polícia Metropolitana, Joerberth Nunes estranhou a riqueza de detalhes passada pela mãe ao comunicar o desaparecimento do filho. “Falou que ele estava com a camiseta do Grêmio e chinelos, mas como ela poderia saber se não tinha visto?”, alertou o delegado.
O corpo de Rafael foi localizado na segunda-feira (25), 10 dias após o suposto desaparecimento. A casa fica a menos de cinco metros do local onde ele morava. A polícia só chegou até o endereço após a confissão da mãe.
Inicialmente, Alexandra afirmou que o remédio teria sido administrado para que a criança dormisse melhor, uma vez que ele ficava muito tempo no celular e na internet. De acordo com ela, a morte do filho teria sido então um acidente, sem a intenção de matá-lo, mas a frieza de Alexandra no depoimento chamou a atenção da polícia. A versão apresentada por ela também já foi desmentida.
O laudo do Instituto Geral de Perícias revelou que Rafael morreu asfixiado por meio de esganadura, ou seja, estrangulamento. Durante a perícia, foram também encontrados vestígios de sangue na casa onde ele morava e no carro da família.
Em entrevista, o delegado Ercílio Carlett afirmou que o motivo da morte ainda não foi esclarecido “até porque tudo indicava que ela era uma boa mãe, cuidava dele e do outro filho. Tinha um bom relacionamento com ele. Mesmo que ela tenha dado o medicamento, a morte se deu por asfixia, o que indica um homicídio doloso qualificado”.
O pai de Rafael, Rodrigo Winques, é separado de Alexandra e mora em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Ele ficou chocado ao saber da morte do filho. “Vamos esperar que a Justiça seja feita”, ressaltou.
Muito abalada, a avó de Rafael e mãe de Alexandra, Isaílde Batista, ressaltou que o neto era uma “criança tranquila e muito querida”. Segundo ela, “ele era o filho que todo mundo queria ter”. Ela ainda revelou que ficou desesperada ao descobrir que o crime foi cometido pela filha: “Chegar até esse ponto? Pelo amor de Deus! Uma mãe fazer isso com o filho, uma criança indefesa, isso não existe”.
Fonte: r7