Ex-peso-pesado sofria de demência pugilística, consequência das pancadas na cabeça que sofreu ao longo dos 17 anos de carreira; Adilson conquistou títulos brasileiros, Sul-Americanos e o Mundial da WBF

O Brasil se despede de José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, um dos maiores boxeadores da história do país, que faleceu em 24 de outubro de 2024, em São Paulo, aos 66 anos, devido à encefalopatia traumática crônica. A notícia foi confirmada por sua esposa, Irani Pinheiro.

Nascido em 11 de julho de 1958, em Aracaju, Maguila teve uma carreira marcante no boxe, com um cartel de 85 lutas, incluindo 77 vitórias (61 por nocaute), sete derrotas e um empate técnico. Sua paixão pelo boxe começou na infância, inspirado por lendas como Éder Jofre e Muhammad Ali. Em sua juventude, enfrentou dificuldades ao se mudar para São Paulo, onde trabalhou como ajudante de pedreiro antes de iniciar sua trajetória no pugilismo em 1979.

Aos poucos, Maguila se destacou no cenário nacional, conquistando seu primeiro título brasileiro em 1983 e o título sul-americano em 1984. Ele se manteve no topo da categoria até 1995, quando se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial dos pesos-pesados, ao vencer Johnny Nelson.

Entre suas lutas mais memoráveis estão os confrontos com Evander Holyfield e George Foreman. Em 1989, ele enfrentou Holyfield em um duelo amplamente assistido, onde, apesar de um bom início, acabou nocauteado. Em 1990, foi derrotado por Foreman em Las Vegas. Mesmo após essas derrotas, Maguila permaneceu uma figura carismática no esporte, sempre com um bom humor característico.

Após se aposentar em 2000, Maguila diversificou sua carreira, lançando um álbum de música e fazendo aparições na televisão. Em 2013, foi diagnosticado com demência pugilística, uma condição neurodegenerativa que afeta muitos atletas de contato. Nos últimos anos, ele viveu em um centro terapêutico, onde passou a compartilhar suas experiências e memórias de forma positiva.

Além de sua luta pessoal contra a doença, Maguila concordou em doar seu cérebro para pesquisa após sua morte, contribuindo para estudos sobre os efeitos de impactos repetidos na cabeça em esportes como boxe e futebol.

Seu legado vai além das ringues; ele foi um símbolo de superação e resiliência, sempre expressando carinho por seus fãs. Em suas últimas entrevistas, enviou mensagens de afeto, reafirmando seu amor pelo público que o acompanhou ao longo de sua carreira. A história de Maguila é uma inspiração para muitos, lembrando o impacto que ele teve no boxe brasileiro e no coração de seus admiradores.
 

Fonte: Combate