Theocrito Valle Santiago tinha 87 anos e era otorrinolaringologista

O médico Theocrito Valle Santiago tinha 87 anos. (Foto:Divulgação)O médico Theocrito Valle Santiago tinha 87 anos. (Foto:Divulgação)

Três semanas após tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, o médico otorrinolaringologista Theocrito Valle Santiago, de 87 anos, testou positivo para o vírus e, após uma semana internado, faleceu por complicações da Covid-19.

O médico ficou intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Unimed Vitória, o Cias, e faleceu na última quinta-feira. O doutor era de Guarapari e tomou a segunda dose da Coronavac no dia 24 de março.

“Foi uma perda muito grande para nós. Ele tomou as duas doses da vacina, assim como a esposa também. Ela não teve nenhum sintoma, mas ele teve alguns sintomas respiratórios logo que testou positivo, e acabou precisando ficar internado. Quando a notícia da morte veio à tona, as pessoas ficaram perplexas. Nós tínhamos tanta certeza que ele superaria a doença, por ter prazer em viver, que somente os familiares e amigos mais próximos sabiam que ele estava internado”, disse a amiga da família e presidente do Lions Club Guarapari, Ivany Brandão.

Além de se dedicar a medicina, Dr. Theocrito era um dos principais líderes do movimento Lions Club, onde foi presidente por várias vezes, e membro por mais de 50 anos.

“Ele formou muitas lideranças no Lions, e eu sou uma delas. Ele foi meu mentor, o chamamos de Lion Certificado. Era um instrutor de liderança. Promovíamos ações de saúde em bairros de Guarapari e ele encaminhava a pessoas para tratamento. Embora fosse otorrino, com a experiência clínica que tinha, descobria doenças que nenhum médico resolvia”, conta Ivany.

A amiga destaca que o otorrinolaringologista abria o consultório às 6 horas da manhã e atendia gratuitamente quem não tinha condições de pagar até o horário que os pacientes particulares começavam a chegar.

Quando algum paciente ou amigo dele precisava de ajuda, Ivany lembra que ele até fechava o consultório para resolver os problemas dos pacientes. “A pastinha dele estava sempre dentro do carro. A paixão dele era a medicina. Era um médico humanitário. Nesse período crítico que estávamos passando, ele não deixou de atender as pessoas”, lembra ela.

A amiga declara ainda que o médico cumpriu sua missão. “Se teve um homem que cumpriu a missão humana na terra, foi o Theócrito. Ele era um esposo muito amado, quase 60 anos de casado, amava sua família, era católico e tinha uma fé inabalável. Foi um ser humano de uma ética incontestável. Ele não negociava princípios. Vai deixar uma lacuna não só pelo trabalho, mas pelo exemplo de vida, de pessoa, de cidadão que era”, completa.

Óbito após a segunda dose

A infectologista Martina Zanotti, destaca que, pelo tempo que o médico tomou a segunda dose da vacina, estava imunizado, mas frisa que nenhuma vacina é 100% eficaz no combate ao vírus.

“Pelo tempo que ele tomou já estava imunizado. Mas nenhuma vacina é 100% eficaz. A vacina diminui as chances de apresentar a doença de forma grave. Vamos continuar vendo óbitos. Podemos garantir que quanto mais pessoas forem vacinadas, menor será a circulação do vírus e menos pessoas serão infectadas. Mas não temos uma porcentagem grande da população vacinada ainda, infelizmente”, declara a infectologista.

A médica declara ainda que não é somente vacinas contra a Covid que apresentam óbito após a imunização, e sim qualquer outra vacina. “Importante frisar também que não é somente a Coronavac que apresentou óbitos após a segunda dose, e sim qualquer vacina para qualquer outra doença”, completa Zanotti.

O Tribuna Online questionou a Secretaria de Estado da Saúde sobre a possibilidade de o caso do médico ser o primeiro registro de um óbito por Covid após a imunização no Estado, mas a Sesa não respondeu a demanda até a publicação da matéria.

Fonte: R7