Segundo as autoridades, o retorno se dará em modelo de ‘semáforo’ e em três fases, em conjunto com a avaliação das autoridades sanitárias
Apesar da tendência de crescimento da curva de contágio pelo novo coronavírus no México, o governo anunciou na quinta-feira (14) as novas normas para o retorno das atividades educativas, sociais e econômicas. O país registrava, até sexta, 42.595 contaminados e 4.477 vítimas fatais.
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Na Cidade do México, não param de chegar pacientes aos hospitais. A capital do país é se encontra em estado vermelho e muitos precisam fazer uma longa caminhada para encontrar um hospital para ser atendido, já que 73% dos leitos normais e 58% dos leitos de UTIs estão ocupados.
Os paramédicos do serviço de emergência da capital admitem que muitos hospitais estão saturados, mas acima de tudo há “uma falta de administração e comunicação”. E não é incomum que eles sejam chamados para levar um paciente a um hospital, e no local, eles não o querem ou não podem atender.
“É muito difícil ver como o paciente se deteriora com o rosto angustiado”, explica o socorrista Raúl Quirós. Ele precisou esperar quase três horas no Hospital Geral de La Raza, para atender uma mulher, grávida de 34 semanas, que estava se sufocando com os sintomas da covid-19.
Columba esperava na frente de um hospital sem muita esperança. Seu marido, de 61 anos, em estado grave e intubado, sofre de diabetes, hipertensão e insuficiência renal. Ela prevê o pior.
Sentada em um banco em frente ao Hospital Geral Balbuena, na capital mexicana, o lugar no país mais afetado pela pandemia, ela espera que eles liguem para lhe dar as últimas notícias, enquanto sua irmã e cunhado tentam confortá-la da melhor maneira possível.
Antes de chegar ao hospital General Balbuena, Columba levou o marido para outras duas unidades de saúde, onde ele não pôde ser atendido, embora não conseguisse se manter em pé.
“Não há qualidade humana, ele caiu e a polícia não fez nada para ajudar. Um pouco de qualidade humana não ficaria mal”, diz ele.
Processo de reabertura
A partir da próxima segunda-feira (18), retornarão as atividades nos municípios que não apresentaram casos de covid-19, onde cidades vizinhas também não tenham casos de infectados. A análise das autoridades será feita por cores que variam de acordo com o número de casos nas regiões.
Na segunda fase, que vai do dia 18 até o dia 31 de maio, começam os preparativos para o que as autoridades mexicanas chamaram de “nova normalidade”. Neste segundo momento, as pessoas serão treinadas e os locais de trabalho deverão ser adaptados dentro das normas de higiene para evitar a disseminação do vírus.
A partir de 1º de junho as autoridades irão avaliar as regiões para autorizar o início ou não da abertura normal, de acordo com o semáforo, com verde, amarelo e vermelho, dependendo dos casos nos locais.
Já na capital, Cidade do México, a região que acumula o maior número de casos de infectados, o governo irá retomar as atividade educativas e econômicas apenas a partir da semana que vem. A Cidade do México abriga atualmente 22 milhões de pessoas, com 10.946 mil infectadas, 2.977 hospitalizadas, destas 987 intubadas.
Lá também será aplicada a reabertura com o sistema de semáforo, a qual permite retornar as atividades de acordo com as cores roxo, laranja, amarelo e verde.
Campanha negativa
O presidente Manuel Lopez Obrador, em coletiva de imprensa, afirmou que México já “domou” o vírus e criticou uma campanha de desinformação contra o que o governo vem fazendo contra o coronavírus.
“Quero dizer a todas as pessoas que já estamos domando essa pandemia, esse vírus, e estamos prestes a alcançá-la por causa da participação do povo”, disse o presidente em sua entrevista coletiva no Palácio Nacional.
Ele também garantiu que a oposição e a mídia realizam uma “campanha de desinformação” contra ele e pediu que “espero que eles repensem essa atitude”.
“Existem campanhas de desinformação, mas elas não funcionam. Estamos prestes a passar por um teste muito difícil, aquele que superará a pandemia, de que os hospitais não estarão saturados”, afirmou o presidente.
O governo do México paralisou as atividades econômicas não essenciais em abril e maio, embora não tenha especificado sanções para as empresas que abrissem e pediram para a população a ficar em casa. A quarentena não é obrigatória para não afetar os milhões de pessoas que vivem do comércio informal.
Festa “super estranha”
Circula nas redes sociais mexicana um áudio que convida para uma festa de “imunização do rebanho”. Marcada para o dia 23 deste mês, o áudio afirma que as pessoas vão se divertir e ajudar a disseminar o coronavírus, já que os contaminados também devem comparecer para ajudar a contagiar outras pessoas.
O convite em áudio de pouco mais um minuto e meio e promete que na festa vai ter bebidas de “boa qualidade”. “Vai ser ótimo porque isto estão fazendo também na Suécia, então você ajuda que isso se acaba muito mais rápido e ao mesmo tempo se diverte”, finaliza.
Fonte: R7