Shintia Gottardi de Almeida foi a quarta e última testemunha a prestar depoimento nesta terça-feira, segundo dia do júri dos seis réus no caso
O segundo dia do júri popular dos acusados de participar do assassinato da médica Milena Gottardi foi fechado com o depoimento da prima da vítima, Shintia Gottardi de Almeida, quarta testemunha a ser ouvida nesta terça-feira (24).
O depoimento durou cerca de uma hora e meia e foi um dos mais emocionantes até agora. Em diversos momentos, Shintia não conteve as lágrimas, principalmente ao lembrar dos momentos em que Milena tentou se separar do ex-policial civil Hilário Frasson, um dos réus no processo, e na hora de dar a notícia da morte da médica para a filha mais velha do casal.
A prima de Milena contou que a médica sentiu que Hilário poderia estar planejando a morte dela quando descobriu, no celular da filha mais velha, uma conversa de Hilário com um homem desconhecido. Segundo a testemunha, Hilário tinha o hábito de utilizar o celular da filha, na época com 9 anos.
Shintia disse ainda que Milena queria se separar do ex-policial civil porque ele era mau. Segundo ela, Hilário teria dito que se ele era perigoso, o pai dele, Esperidião Frasson, era pior. Esperidião também é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPES) de ser um dos mandantes do crime.
A testemunha narrou que, em uma ocasião, Hilário entrou em contato com ela, chorando muito e pedindo ajuda para convencer Milena a desistir da separação. O ex-policial civil teria ameaçado se matar caso a médica continuasse com o processo de divórcio.
Shintia então foi se encontrar com Hilário, na companhia de Douglas Gottardi, irmão de Milena. Quando eles chegaram, o ex-policial estava sentado em uma mesa, chorando muito e com uma arma sobre a mesa, dizendo que iria cometer suicídio.
Ela conta que ficou muito preocupada com a situação e resolveu entrar em contato com os pais de Hilário. Pelo telefone, Esperidião, em tom irritado, teria dito a Shintia que quem tinha que resolver esse problema era Milena e que o filho dele não iria tirar a própria vida.
Logo depois, a prima de Milena comentou com Hilário que tinha ligado para os pais dele. Nesse momento, o ex-policial teria dito: “eu não faço nada não, mas o meu pai faz”. Em seguida, completou, em tom ameaçador: “você não devia ter falado nada”.
Hilário criou grupo no WhatsApp para tentar evitar separação
Shintia disse ainda que Hilário não admitia a separação e fez de tudo para que a médica voltasse para ele. Inclusive, teria criado um grupo no WhatsApp, chamado “Em Nome do Amor”.
Nesse grupo, o ex-policial civil incluiu familiares e amigos próximos do casal, para que todos soubessem de suas tentativas de reaproximação com a médica. No grupo, Hilário dizia que queria a esposa de volta e que chegou a mandar flores para ela.
As pessoas, segundo a testemunha, se incomodavam com aquela situação e algumas delas saíam do grupo, mas Hilário as colocava novamente.
Segundo a prima, o ex-policial também chantageava emocionalmente a filha mais velha do casal, dizendo que ela deveria fazer algo pra convencer Milena a voltar para ele.
“Eu não acredito!”, disse filha de Milena ao saber da morte da mãe
Entretanto, o momento que mais emocionou os presentes no salão do júri foi quando Shintia narrou o momento em que contou para a menina sobre a morte da mãe.
Chorando muito, ela disse que, ao receber a notícia, a criança se desesperou, correu até o guarda-roupa da mãe, pegou uma camisola dela e a abraçou gritando: “Eu não acredito! Eu não acredito!”
Segundo a testemunha, a menina tinha sido informada, no dia anterior, que a mãe havia sofrido um acidente e que passaria por uma cirurgia.
Shintia disse ainda que, após a morte de Milena, a família se escondeu com as filhas do casal, com medo de que Hilário as pegasse de volta.
Fonte: Folha Vitória