Ícone da narração esportiva, Silvio Luiz morreu aos 89 anos na manhã desta quinta (16). O locutor tinha sido internado no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, após sofrer uma indisposição enquanto narrava a final do Campeonato Paulista. Em 8 de maio, ele voltou a ser hospitalizado na instituição, dessa vez na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A causa da morte ainda não foi revelada. Em abril, Silvio passou 23 dias internado, e recebeu alta hospitalar em 30 de abril. Ele teve um mal-estar ao transmitir a partida entre Palmeiras e Santos pelos canais digitais da Record. O veterano subitamente ficou em silêncio e deixou os telespectadores preocupados.

Os humoristas Márvio Lúcio, o Carioca, e Marcos Chiesa, o Bola, deram continuidade à transmissão. “Vamos dar uma descansada aí, Silvio. Vai tomar um arzinho e depois você volta”, disse Carioca, na ocasião.

Na transmissão, o público viu o comunicador deixar o estúdio em uma cadeira de rodas. O hospital não divulgou mais detalhes sobre Silvio em nenhuma das ocasiões em que foi internado.

Carreira Silvio Luiz foi um apaixonado pelo rádio e pelo esporte desde a infância. Quando criança, acompanhava a mãe, Elizabeth Darcy (1912-2010), ao trabalho na rádio Tupi. Ela foi uma das mulheres pioneiras na locução.

Em 1952, ele começou sua carreira como locutor de rádio. Passou pela rádio Paulista, Record e Bandeirantes antes de ir para a TV. Na antiga TV Paulista, ele se tornou o primeiro repórter esportivo a atuar em campo. Em 1953, formou a primeira equipe esportiva da Record e fez parte de transmissões históricas, como a primeira exibição de um jogo da Seleção Brasileira simultaneamente à TV Rio e a primeira transmissão esportiva interestadual da TV brasileira.

Além de narrador, Silvio foi ator e árbitro de futebol. Ele fez parte do elenco da primeira versão de Éramos Seis (1958) e Cela da Morte (1958), além de ter sido jurado do programa Quem Tem Medo da Verdade? (1968). O veterano atuou como árbitro até os anos 1970. Ele ficou marcado por estrear o estádio do Morumbi, como um dos assistentes da partida inaugural.

Sua carreira, porém, foi destaque na locução esportiva. Com um timbre de voz inconfundível, Silvio Luiz foi inovador e pioneiro na época em que narrava jogos de futebol, e imprimiu características que não faziam parte do cotidianode narradores da época. Com humor e ironia, ele inventou bordões que são usados até hoje, como “pelas barbas do profeta” e “olho no lance”. Ele reinventou a forma de transmitir uma partida na TV, sem a necessidade de narrar aquilo que o público está vendo.

Durante os mais de 70 anos em que esteve na ativa, o locutor atuou em seis Copas do Mundo e nove Jogos Olímpicos. Seu último trabalho foi na Record, narrando as transmissões do Campeonato Paulista de forma exclusiva nas plataforma digitais da emissora. Despedida A Record divulgou nota de pesar e valorizou o trabalho do funcionário: “Seu legado e contribuição para a televisão brasileira, para o jornalismo e para o esporte são inestimáveis”

“Nossos mais profundos sentimentos a sua esposa Márcia, seus filhos Alexandre, Andréa e André, seus netos e amigos. A voz de Silvio Luiz continuará ecoando nos estádios e na memória dos fãs de todo Brasil”, escreveu a emissora. Leia o comunicado na íntegra: “Nascido em 14 de julho de 1934, Silvio começou sua carreira na Rádio São Paulo, em 1952, fazendo locuções e pequenas participações em radionovelas. Foi um dos primeiros funcionários, da então, TV Record Canal 7 de São Paulo. Chegou na emissora 18 dias após a inauguração, em setembro de 1953.

Figura icônica no jornalismo esportivo, leva a marca de ser o primeiro repórter de campo da TV brasileira e esteve na primeira transmissão interestadual entre a TV Rio e TV Record de São Paulo, em 1956, num jogo no Maracanã, entre Brasil e Itália. Silvio Luiz também foi ator de teleteatro e novelas, quando ainda eram feitas ao vivo. Participou, em 1958, da primeira versão de Éramos Seis, na Record, onde interpretava Julinho, um dos filhos de dona Lola.

Esteve em diversos programas na Record. Entre eles, Quem Tem Medo da Verdade, Sportvisão, Clube dos Esportistas, Risos e Melodias, Astros do Disco, Festivais de MPB e Record nos Esportes. Na década de 1970, com a morte de Geraldo José de Almeida, assumiu o cargo de diretor de programação e operações da Record e também passou a ser o principal locutor esportivo da emissora. Durante a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, sem o direito de imagens na TV, comandou a equipe de esportes pela Rádio Record.

Além de sua atuação como narrador com as icônicas frases ‘Olho no lance!’, ‘Pelo amor dos meus filhinhos’, ‘Confira comigo no replay’, ‘Pelas barbas do profeta’, ‘Balançou o capim no fundo do gol!’ e ‘Pelo cheiro da mortadela vai ser uns 6 a zero’, Silvio também foi árbitro de futebol profissional. Seu último trabalho como locutor foi na partida entre Palmeiras e Santos, válida pela final do Campeonato Paulista de 2024, no último dia 7 de abril. Ele narrou o jogo, ao lado dos humoristas Carioca e Bola, para as transmissões digitais da Record, exibidas no R7 e PlayPlus. Neste dia, Silvio Luiz passou mal durante o segundo tempo da partida e foi levado para atendimento médico.”

Fonte: Notícias da tv