Antes de assumir a Arquidiocese de Vitória, Dom Luiz era bispo de Cachoeiro de Itapemirim, onde trabalhava desde 1986, nomeado pelo então papa João Paulo II

A Igreja Católica se despede de Dom Luiz Macilha Vilela, arcebispo emérito da Arquidiocese de Vitória, onde exerceu o bispado por 16 anos. O religioso morreu nesta terça-feira (23) em um hospital da capital, onde estava internado desde o dia 9 de julho, após complicações hepáticas.

Antes de assumir a Arquidiocese de Vitória, Dom Luiz era bispo de Cachoeiro de Itapemirim, onde trabalhava desde 1986, nomeado pelo então papa João Paulo II.

velório de Dom Luiz acontece a partir desta quarta-feira (24), na Catedral Metropolitana de Vitóriaaté às 21 horas. As missas de corpo presente acontecem às 10h, 12h, 14h, 16h, 18h e 20h. 

Na quinta (25), acontecerão missas às 6h, 8h e às 10h, sendo esta a missa exequial presidida pelo Arcebispo Dom Frei Dario Campos. O sepultamento acontece na cripta da igreja.

Formação de Dom Luiz começou aos 9 anos

Dom Luiz nasceu na cidade de Pouso Alto, no sul de Minas Gerais, em 6 de maio de 1942. Aos 9 anos, entrou para a Congregação dos Sagrados Corações, onde foi formado segundo o carisma da Congregação, cursando Filosofia em Pindamonhangaba, São Paulo, e Teologia na PUC, em Minas Gerais.

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A Ordenação Presbiteral, quando se tornou padre, ocorreu no dia 21 de dezembro de 1968 pelo cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo, então arcebispo de Belo Horizonte.

Já ordenado, o então padre Luiz foi vigário na Paróquia Santo Antônio e dedicou-se à Pastoral Familiar e Vocacional. Na Congregação em que pertencia, foi animador da pastoral vocacional, formador, conselheiro provincial e provincial.

Missão como bispo começou em Cachoeiro

No dia 3 de dezembro de 1985, padre Luiz Mancilha foi nomeado bispo para a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. A nomeação ocorreu pelo então Papa João Paulo II, hoje considerado santo pela Igreja Católica.

A Ordenação Episcopal, quando se tornou bispo, ocorreu em fevereiro de 1986 pelo cardeal Dom Serafim, o mesmo que o havia ordenado padre.

Ao assumir a missão em Cachoeiro, Dom Luiz destacou-se, entre outras ações pastorais, pelo trabalho de organização administrativa; investimento na formação do clero; visão de comunicação mais ampla, abrindo livrarias com produtos religiosos, provedor de internet e rádio diocesana. Ainda em Cachoeiro escreveu um livro de poesias, expressando seu lado literário poético.

De bispo à arcebispo

No dia 3 de dezembro de 1985, padre Luiz Mancilha foi nomeado bispo para a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. A nomeação ocorreu pelo então Papa João Paulo II, hoje considerado santo pela Igreja Católica.

A Ordenação Episcopal, quando se tornou bispo, ocorreu em fevereiro de 1986 pelo cardeal Dom Serafim, o mesmo que o havia ordenado padre.

Ao assumir a missão em Cachoeiro, Dom Luiz destacou-se, entre outras ações pastorais, pelo trabalho de organização administrativa; investimento na formação do clero; visão de comunicação mais ampla, abrindo livrarias com produtos religiosos, provedor de internet e rádio diocesana. Ainda em Cachoeiro escreveu um livro de poesias, expressando seu lado literário poético.

Dom Luiz deixou a marca de arcebispo apressado, tinha pressa de ver a vida pastoral acontecendo com alegria e esperança. Em Vitória, deixou que seu perfil de comunicador buscasse formas de estar presente na vida dos fiéis: manteve programa diário na Rádio América e semanal no Facebook e Youtube.

Além disso, ele escreveu e publicou quatro cartas pastorais, dedicadas às comunidades eclesiais, padres, vocações e diáconos; 3 livros como roteiros de fé em linguagem poética (Vitrais, um Hino a Deus Criador, Peregrinos na Catedral e Ore Comigo); 1 livro sobre Comunidades Eclesiais de Base (Sinal do Reino no Presente e no Futuro); 1 livro “Conversando com meus seminaristas”; 1 livro dedicado às mães que sofrem pelos filhos “Conversando com a Mãe Aflita” e, 1 livro de reflexões “A Igreja nos Passos de Jesus”. Deixou pronto um livro de meditações sobre os Evangelhos Sinóticos e estava escrevendo outro sobre o Evangelho de São João.

Dom Luiz, bispo, pastor e administrador

Nas comemorações ao completar 75 anos e antes de se tornar emérito, dom Luiz definiu-se assim: “Vejo-me em três palavras: Bispo, Pastor, Administrador”.

Bispo:

“Eu tenho para mim que o bispo é o timoneiro da esperança e tem um navio a tocar para a frente. Sejam quais forem as tempestades e os ventos, ele deve ser uma pessoa de esperança. O bispo tem que ser uma pessoa de esperança no meio da tempestade e no meio da calmaria. Eu tenho uma preocupação em motivar o clero e tenho uma convicção também. Se você trabalhar bem o clero, o povo de Deus vai ganhar mais. Se eu não tiver padres bem formados não vou ter gente para formar bem o povo. Então, desde os meus primeiros dias de bispo, minha preocupação é a boa formação do nosso clero: formação espiritual e intelectual, como também a capacidade de administrar. Posso dizer, com muita humildade, que minha grande preocupação foi a formação espiritual começando pelo Seminário, tentando dar o que é básico aos seminaristas para termos no futuro bons sacerdotes e, eu acredito que tenhamos progredido nisso. E, também motivando os padres à sua própria formação. O retiro não é algo obrigatório, mas ajuda os padres a sentirem um desejo profundo de serem santos, porque eu estou convencido que um padre santo faz um montão de coisas que nós não conseguimos fazer. Essa é a minha convicção e esse foi o meu esforço, agora se você me perguntar se eu consegui, não sei, isso cabe a Deus ver”.

Pastor:

“Pastor, porque ele tem que cuidar das ovelhas, de todas, de acordo com a situação de cada uma delas. Então, o bispo é pastor porque é uma pessoa que tem que estar em sintonia com essas ovelhas. O pastor é aquele que trata o povo com carinho. Com firmeza naquilo que é necessário, mas todos com educação, com carinho, sem distinção de pessoas. Procuro estar no meio enquanto posso, porque minha missão me exclui muito, me deixa muito na cúpula, mas na medida em que tenho a oportunidade, gosto de estar com o povo. Ser simples e nunca usar de meu cargo de bispo para pensar como se fosse um príncipe, longe disso, mas um irmão que é visto de uma maneira diferente pelo povo. O povo vê no bispo uma espécie de sacramento, desperta no povo uma fé muito viva e isso eu acho que é algo positivo, não que me deixe diferente, mas que me chame a atenção para a responsabilidade pessoal que eu devo ter, no sentido de estar com as pessoas, sendo para elas, o mais possível, este sacramento que elas contam”.

Administrador:

“O bispo não é uma pessoa que está ali preocupada com o material, mas ele tem que olhar o sustento de toda a Igreja, tem que organizar, fazer justiça entre o clero e entre o povo para que se ele tiver que dizer alguma coisa à sociedade, seja a partir do que está vivendo. Porque é muito fácil criticar a sociedade sem ter a responsabilidade pessoal de trabalhar bem a sua casa. Como é que eu vou olhar a casa geral se não olho a minha própria casa? Então, o bispo tem que ser uma pessoa sumamente responsável, equilibrada e com grande visão do presente e do futuro. Olhar bem para a frente, ter uma visão bem para a frente a partir da base que é a pessoa de Jesus Cristo. O bispo tem que enxergar mais longe de que muita gente, e, na medida do possível, colocando pessoas que possam produzir bem esse trabalho administrativo e ouvir muito o conselho de pessoas competentes na área. Por isso eu digo que, se há alguma coisa boa neste campo, eu não digo que seja mérito meu, mas é mérito dos meus assessores, a assessoria de imprensa, por exemplo. Os meus assessores é que produzem, então cabe a mim apoiar, cabe a mim estar atento e ser o último a dizer alguma coisa que precisa ser dita, mas sempre eu direi e disse depois de ouvir os conselhos das pessoas competentes da área: no conselho administrativo, por exemplo, temos gente competente e faço questão de ouvir bem e faço meus questionamentos para que eu possa aprender e tomar decisões, mas a minha grande missão é de escuta, de concordância com o que me parece certo e ter coragem de tomar decisão”.

Luto oficial no Estado e em prefeituras

O governo do Estado decretou luto oficial de três dias em função da morte do arcebispo da Arquidiocese de VitóriaAlém do decreto, o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), também prestou homenagem ao religioso, por meio de suas redes. Em post em seu perfil no Twitter, Casagrande escreveu:

“Com tristeza, recebemos a notícia do falecimento de Dom Luiz Mancilha, arcebispo emérito de Vitória, aos 80 anos. Nossas orações estão com a família e toda a comunidade eclesiástica. Que Deus o receba com Sua mão acolhedora. Olhe por nós, Dom Luiz”.

A prefeitura de Vitória lamentou a morte do religioso, prestou condolências e decretou luto oficial de três dias.

“Nossas condolências a toda a comunidade católica capixaba, que chora pela despedida desse símbolo de fé, devoção e sabedoria. Aos amigos e familiares desse homem que dedicou 53 anos de sua vida ao Sacerdócio, nossos respeitosos pêsames”, diz o texto de um comunicado publicado no site da prefeitura.

Vila Velha foi outra prefeitura da Grande Vitória a decretar luto oficial de três dias em respeito à morte de Dom Luiz. No texto do comunicado, o prefeito da cidade, Arnaldinho Borgo, cita a sabedoria do arcebispo.

“Homem sábio, com palavras seguras e humanitárias. Grande líder e conselheiro. Meus sentimentos aos familiares e a todos fiéis que tinham nele uma referência”, lamentou.

Cachoeiro de Itapemirim também teve luto decretado pela morte do arcebispo. O prefeito da cidade, Victor Coelho, escreveu que a homenagem reconhece a história de Dom Luiz.

Dom Luiz Mancilha Vilela, nos deixou, nesta terça-feira (23). Em Cachoeiro, Dom Luiz foi Bispo por quase 18 anos, e em homenagem à sua bonita história, decretamos luto oficial por 3 dias. Nossos sentimentos aos irmãos católicos.

Autoridades e amigos prestam condolências

O presidente da Assembleia Legislativa (Ales), Erick Musso, também usou as redes sociais para manifestar o seu pesar com a morte de Dom Luiz. O parlamentar falou em legado de doação ao próximo, ao citar os feitos do religioso para os capixabas.

“Lamento profundamente o falecimento do arcebispo emérito de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, que nos deixa um legado de doação ao próximo e aos ensinamentos de Jesus. Meus sentimentos aos familiares, amigos e fiéis”, disse Erick.

O ex-governador do Estado Paulo Hartung fez sua homenagem postando uma foto do momento em que, em 2018, entregou a comenda Jerônimo Monteiro ao arcebispo. Na legenda da imagem, Hartung disse que os capixabas perdem uma referência de liderança social e religiosa.

“Recebi com tristeza a notícia do falecimento do arcebispo emérito de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela. O Espírito Santo perde uma referência de liderança social e religiosa responsável, com uma uma trajetória lindíssima. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, escreveu o ex-governador.

O senador Fabiano Contarato também lembrou a morte de Dom Luiz.

Missionário da Palavra de Deus e pastor de nosso povo, Dom Luiz Mancilha Vilela foi exemplo de amor e perseverança em sua vocação de líder espiritual na Igreja Católica no Espírito Santo. Que Deus o receba e dê forças aos amigos, parentes e familiares.

Fonte: Folha Vitória