Mariele, 31, de Bauru (SP) engravidou já estando grávida. Os bebês foram gerados com duas semanas e cinco dias de diferença, mas nasceram juntos. A diferença entre Ísis e Benício é visível até hoje, com um deles pesando 2kg a mais. Em depoimento à CRESCER, a mãe contou essa história incrível!

A criadora de conteúdo Mariele Bordim Deungaro, 31 anos, de Bauru, São Paulo, já tentava engravidar há um ano quando finalmente recebeu o teste positivo. Mas a surpresa maior veio depois, no primeiro ultrassom. Durante o exame, ela e o marido, Ton Déumgaro, viram o bebê e até ouviram seu coraçãozinho. E foi ele, já no fim do exame, que insistiu para que a médica olhasse novamente para ter certeza de que era apenas um.

“Ele tinha certeza de que eram dois bebês. A médica foi mostrar que não tinha outra criança e, enquanto refazia, achou a outra placenta e o outro bebê, com o batimento cardíaco bem fraquinho e bem mais pequeno. Eu fiquei sem reação e meu marido chorou bastante. Era algo que ele sempre falava — dizia que seria ‘pai de gêmeos'”, conta.

O mais curioso é que Ísis e Benício foram gerados com quase três semanas diferença — é a chamada superfetação, quando a mulher engravida já estando grávida. Os bebês nasceram com quase 1kg de diferença e, até hoje, 3 anos depois, tem tamanhos diferentes. Confira, a seguir, ao depoimento exclusivo da mãe.

“A gravidez foi planejada. Estávamos tentando há um ano, porém não conseguia engravidar. Então, chegou um momento em que falei para meu marido que não queria mais tentar — mas já estava grávida e não sabia. Minha menstruação atrasou e pedi para que ele comprasse um teste de farmácia. Apesar das suspeitas, achava que seria mais um negativo. Mas quando fiz, assim que coloquei a tirinha, já apareceram os dois riscos indicando o resultado positivo.

Saí do banheiro e simplesmente mostrei para o meu marido. Queria ter feito algo mais elaborado, mas a primeira reação foi falar para ele ler a bula e ver se está certo mesmo (risos). Em seguida, fizemos o teste de sangue, e o beta HCG estava bem alto. Quando fizemos o primeiro ultrassom, a médica até disse que era apenas um bebê, mas no fim do exame, meu marido pediu para que ela repetisse o ultrassom porque tinha certeza de que eram dois bebês. Ela foi mostrar que não tinha outra criança, que era apenas uma e, enquanto refazia, achou outra placenta e outro bebê, com o batimento cardíaco bem fraquinho e bem mais pequeno. Eu fiquei sem reação e meu marido chorou bastante. Era algo que ele sempre falava — dizia que seria ‘pai de gêmeos’.

No segundo ultrassom, tivemos a confirmação — o bebê 2 era muito menor e tinha uma semana de diferença. Os ultrassons seguintes revelaram que a diferença era, na verdade, de duas semanas e cinco dias. Eu nem sabia que superfetação existia. Mas, depois, os médicos me explicara, que eu ovulei duas vezes, em períodos diferentes.

Com dez semanas de gestação, tive deslocamento das duas placentas e precisei de repouso até o fim. Também usei uma medicação para evitar o abortamento. Já no final da gravidez, tive colestase gestacional, que é a diminuição do fluxo biliar. Ou seja, as substâncias produzidas pelo fígado acabam permanecendo por mais tempo que o normal no organismo. Depositados na pele, esses ácidos causam prurido. Na placenta, podem levar ao parto prematuro e falta de oxigenação aos bebês e, por isso, o parto foi realizado com 35 semanas. Tive uma hemorragia, mas deu tudo certo no final.

Ísis não estava com o pulmão 100% formado e precisou ficar na UTI. Ainda no bloco cirúrgico, ela precisou ser reanimada e foi entubada. Benício nasceu bem, não precisou ficar na UTI, mas precisou de cuidados porque não estava se mantendo aquecido. Ísis pesou 1,8 kg e Benício 2,460 kg.

Hoje, eles estão com 3 anos, e estão super bem, graças a Deus. O peso ainda é diferente — Benício pesa 2 quilos a mais que Ísis. Eu achei muito interessante saber que a superfetação será tema de uma série, pois muita gente ainda nem sabe que isso é possível. Quando comento com as pessoas, sempre ouço que é impossível. Outras até me perguntam se é do mesmo pai (risos). Então, quem sabe, traga mais informações e conhecimento para as pessoas. Estou muito empolgada pra assistir!”

O que é superfetação?

Por mais curiosa que possa parecer engravidar estando grávida é, sim, uma possibilidade. Apesar de muito rara, essa é uma possibilidade conhecida como superfetação, ou seja, uma mulher pode, sim, ter a experiência de uma gestação em dose dupla a partir de duas concepções diferentes, separadas por até algumas semanas.

A superfetação acontece quando uma mulher já grávida continua a ovular e tem relações sexuais desprotegidas nesse intervalo. A segunda concepção pode acontecer entre 1 e 4 semanas depois da primeira, mas, de qualquer forma, os bebês devem nascer ao mesmo tempo, assim como gêmeos. Sérgio Podgaec, médico ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), ressalta que a condição é raríssima. “Sequer existe um número para superfetação, porque se trata mais de uma possibilidade do que uma realidade. Nunca vi um caso desses em consultório e nunca ouvi falar de colegas, mas ainda é uma possibilidade”, explica.

O “diagnóstico” da superfetação seria feito ao se constatar no ultrassom uma clara diferença de tamanho entre os bebês — supostamente gêmeos — com um embrião de 2 semanas e outro de 6, por exemplo. “Por mais folclórico que pareça, pode acontecer, até de pais diferentes”, afirma Sérgio.

Fonte: Crescer