Estar apaixonado libera hormônios e neurotransmissores que melhoram o humor, aumentam a felicidade e promovem o relaxamento
Ah, o amor! A sensação de frio na barriga, borboletas no estômago e sorriso estampado no rosto são as manifestações físicas mais corriqueiras de uma pessoa apaixonada.
Não à toa, é celebrado nessa segunda-feira (12) todo um dia para os sentimentos de amor e paixão: o Dia dos Namorados. E estar envolto por tais sentimentos traz benefícios à saúde.
De acordo com a psiquiatra Julia Trindade, membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), embora as emoções estejam interligadas, elas são sentimentos diferentes – e que ativam funções distintas no cérebro, ao liberar vários hormônios e neurotransmissores, ativando funções orgânicas.
“A paixão é caracterizada por uma atração intensa, desejo ardente e forte impulso motivacional ao outro que, não necessariamente precisa ser correspondido, ativando no cérebro as áreas de recompensa, como o núcleo accumbens, e liberando dopamina e noradrenalina, o que aumenta a frequência cardíaca, faz a pessoa suar e dilata as pupilas.”
A psiquiatra Jéssica Martani explica que a dopamina está associada às sensações de prazer e recompensa. A paixão, ainda, libera ocitocina, hormônio relacionado aos vículos sociais e à confiança.
Já o amor envolve a conexão emocional, intimidade e comprometimento, sendo uma experiência mais duradoura e profunda.
Embora ainda existam fatores neurobiológicos a serem entendidos em relação ao sentimento, Julia alega que estudos sugerem que o amor romântico está ligado à área do córtex pré-frontal, que administra os processamentos cognitivos e regula as emoções.
As especialistas alegam que se apaixonar gera inúmeros benefícios à saúde de quem experimenta o sentimento. Entre eles, Jéssica elenca que estar apaixonado pode trazer efeitos como:
• Bem-estar emocional: a paixão e o amor podem aumentar a sensação de felicidade, satisfação e contentamento;
• Redução do estresse: estar apaixonado pode diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e promover um estado de relaxamento;
• Fortalecimento do sistema imunológico: o amor e a intimidade podem estimular o sistema imunológico, tornando-o mais eficiente na defesa contra doenças. Ainda, o vínculo pode auxiliar o sistema na recuperação de doenças;
• Longevidade: alguns estudos, segundo Jéssica, sugerem que estar em um relacionamento amoroso saudável pode estar associado a uma maior expectativa de vida;
• Menor incidência de transtornos psiquiátricos: Jéssica afirma que dados epidemiológicos sugerem que estar em um relacionamento duradouro diminui a incidência de alguns transtornos psiquiátricos, como casos de depressão grave e reduz as chances de suicídio;
• Vínculos sociais: ter uma companhia aumenta a autoconfiança e diminui o isolamento, afirma Jéssica.
Julia complementa, ainda, que o sistema cardiovascular é beneficiado, visto que a excitação gerada pela paixão pode aumentar a frequência cardíaca e melhorar a circulação sanguínea.
A saúde mental também é favorecida, uma vez que os neurotransmissores e hormônios liberados aumentam as sensações de felicidade, alegria, segurança, pertencimento e bem-estar, melhorando o humor de quem está apaixonado.
Dos responsáveis pelas sensações, as especialistas destacam os hormônios e neurotransmissores:
• Dopamina: a paixão inicial está associada a um aumento significativo nos níveis de dopamina, que desempenha um papel fundamental na motivação, recompensa e prazer;
• Ocitocina: a intimidade e o apego emocional estão relacionados à liberação de ocitocina, conhecida como o hormônio do amor. Esse é o hormônio responsável pela promoção dos sentimentos de confiança, empatia, vínculo social e afeto, e promove a redução da ansiedade;
• Serotonina: a paixão também pode levar a um aumento nos níveis de serotonina, que está envolvida na regulação do humor e das emoções;
• Adrenalina: durante a fase inicial da paixão, pode ocorrer um aumento na liberação de adrenalina, que está relacionada à excitação, aceleração dos batimentos cardíacos e aumento da energia.
“A vasopressina é outro hormônio que desempenha um papel no estabelecimento de relações íntimas e na fidelidade. Sua liberação está relacionada ao apego duradouro e à formação de laços românticos estáveis. Já a excitação e a felicidade associadas à paixão podem levar à liberação de endorfinas, neurotransmissores que promovem sensações de bem-estar e alívio da dor. Isso pode resultar em melhorias no humor, aumento da energia e redução do estresse”, finaliza Julia.
Fonte: R7