Cruz-Maltino convive com dificuldades financeiras, lei do silêncio dos jogadores, pressão em Abel Braga e no presidente Campello; classificação na Copa do Brasil é essencial

É apenas o terceiro mês do ano, mas o Vasco já vive ambiente conturbado e encara decisões pela frente. A partida contra o ABC, nesta quinta-feira, pela Copa do Brasil, é válida pela segunda rodada, mas já ganhou ares de “jogo do ano”, como o próprio técnico Abel Braga definiu. Pressionado, o Cruz-Maltino quer, no Maracanã, superar o time visitante para garantir a tranquilidade em campo, ao avançar, financeira, com a premiação, e ter dias de maior paz fora dos gramados.

O Vasco tem 10 jogos, três vitórias, quatro empates e três derrotas em 2020. São sete gols marcados e sete sofridos, um aproveitamento de apenas 43%. No Maracanã, palco da partida desta quinta, a equipe não vence há cinco partidas.

Dentro das quatro linhas, o time ainda luta para convencer. Na última partida, contra o Resende, no empate por 1 a 1, o grupo saiu de campo vaiado mais uma vez. A parte ofensiva é a principal preocupação e Abel terá mais uma partida como desafio. Sem Talles Magno e ainda sem poder contar com Martín Benítez, ele vai manter o esquema com três atacantes, podendo escalar Lucas Ribamar ou Tiago Reis ao lado de Germán Cano e Marrony. Fredy Guarín deve ser titular, mas ainda não aguenta os 90 minutos.

– Esperamos passar amanhã na Copa do Brasil. É fundamental. Com todo respeito ao ABC, que tem um futebol muito vertical, nós temos que passar. É a minha vontade e dos jogadores que tenhamos uma atuação convincente – disse o técnico Abel Braga.
Extra-campo difícil

Outro fator que até sobressai o desempenho esportivo é a crise financeira. Se Vanderlei Luxemburgo conseguiu acalmar os ânimos e manter a motivação do elenco, os salários ainda atrasados já começam a gerar insatisfação no grupo. Com dois meses sem pagamento, além de érias, uma parcela do 13º e cinco meses de direitos de imagem, os jogadores decidiram por uma “lei do silêncio”. Ou seja, não dão entrevistas até que o que a situação deles e dos funcionários pelo menos comece a ser regularizada.

O último, mas não menos importante, está no cenário político sempre conturbado do clube. No fim do ano, o Vasco terá uma nova eleição e o atual presidente, Alexandre Campello, segue recebendo ataques das arquibancadas a cada partida.

Todos esses problemas fazem a pressão aumentar. Não só sobre os jogadores, mas ainda mais em Abel. Há clara insatisfação com o trabalho do veterano, mesmo que as dificuldades do Vasco passem por fatores externos ao futebol também. Com poucas alternativas, os testes ainda não deram certo e o treinador vê o duelo com o ABC como decisivo para seu futuro.

– Para nós é fundamental ir adiante. Há pouco começou uma Sul-Americana, com seis brasileiros. Hoje só tem dois. Passando, na próxima semana temos outro jogo, contra Santo André ou Goiás. Mas sabemos que do outro lado tem um adversário na mesma situação – afirmou Abel.

Fonte: Lance