Cruz-Maltino argumenta que o Tricolor deu exemplo de má gestão ao não disponibilizar carga máxima para o clássico, mesmo com alta procura por parte dos vascaínos
A polêmica venda de ingressos para o clássico de domingo entre Fluminense e Vasco é mais um capítulo da conturbada relação entre os clubes, que brigam nos bastidores pela administração do Maracanã. O Cruz-Maltino se sentiu prejudicado pelo Tricolor, que é o mandante da partida e o responsável pela comercialização dos bilhetes, mas ganhou um importante argumento para utilizar daqui a dois meses, quando termina a cessão provisória do estádio para a dupla Fla-Flu.
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O Vasco entende que o Fluminense, mesmo com a alta procura, disponibilizou apenas 50 mil ingressos para o clássico com o intuito de evitar que a ampla maioria no Maracanã fosse de vascaínos. Vale destacar que a venda para a torcida tricolor começou no sábado e ainda restam entradas para o setor Sul. Já os bilhetes destinados para a torcida do Vasco foram comercializados apenas na quarta-feira e se esgotaram no mesmo dia.
Por pressão do Vasco, da Ferj e do Governo do Estado, o Fluminense colocou mais 10 mil ingressos à venda na noite da última quinta-feira, para os setores Oeste e Leste Superior, que são mistos. As entradas rapidamente se esgotaram, o que para o Cruz-Maltino é uma clara demonstração de má gestão do Tricolor, que colocou os seus interesses à frente do interesse público, argumento valioso na luta pelo Maracanã.
PERMISSÃO TEMPORÁRIA TERMINA EM ABRIL
Sem definição sobre quando irá acontecer a licitação do Maracanã, o Vasco vai solicitar novamente a permissão provisória para administrar o estádio. Em novembro, o Cruz-Maltino demonstrou interesse através de dois ofícios, mas não obteve resposta do Governo do Estado, que acabou renovando por mais seis meses o TPU (Termo de Permissão de Uso Precário) ao Flamengo, que é o permissionário. O Fluminense é o interveniente anuente.
Após ter sido ignorado pelo Governo do Estado, o Vasco recebeu a promessa do próprio governador do Rio, Cláudio Castro, de que participaria do próximo processo de permissão temporária do Maracanã. Além das evidências de má gestão por parte da dupla Fla-Flu, o Cruz-Maltino tem a confiança de que possui o melhor plano de administração, principalmente por ter como parceiros a WTorre e a Legends, que é referência mundial em gestão de estádios. Apesar do impasse, sem data para resolução, as empresas seguem firmes com o clube e pacientes à espera da licitação.
IRREGULARIDADE E COMODIDADE
O Vasco tem pressa para que o processo de licitação do Maracanã ocorra o mais rápido possível. No entanto, de acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, a demora se dá por questões políticas e não técnicas, beneficiando os administradores temporários, que pagam um valor baixíssimo de outorga, sem ter a obrigatoriedade de realizar grandes investimentos no estádio.
Caso o Governo do Estado renove o Termo de Permissão de Uso Precário com o Flamengo por mais seis meses, essa vai ser a nova vez, o que para o Vasco é irregular. Vale lembrar que o Maracanã está sendo administrado de forma provisória e sem licitação desde abril de 2019, quando o contrato com a Odebrecht foi encerrado por falta de pagamento.
Fonte: Lance