Atualmente, o Espírito Santo tem seis municípios no risco alto, todos eles no interior. No entanto, há a preocupação de que as cidades da Grande Vitória também entrem nessa classificação nas próximas semanas

Empresários dos setores de comércio, bares e restaurantes estão preocupados com a possibilidade de mais restrições no Espírito Santo, neste final de ano, por causa do avanço da pandemia do novo coronavírus. Eles temem que possíveis novas medidas restritivas anunciadas pelo governo do Estado, justamente no período mais importante do ano para as vendas, causem prejuízos ainda maiores do que os amargados ao longo do ano.

Tais regras para restringir a circulação e a aglomeração de pessoas ocorrem de maneira mais significativa nos municípios capixabas classificados como de risco alto para a covid-19, conforme o Mapa de Risco elaborado pelo governo do Estado. Atualmente, o Espírito Santo tem seis municípios no risco alto, todos eles no interior. No entanto, há a preocupação de que as cidades da Grande Vitória também entrem nessa classificação nas próximas semanas

“Eu digo que é um momento de atenção que vivemos no estado do Espírito Santo, assim como no país, e que precisamos de medidas, especialmente naqueles municípios que tiveram a taxa de transmissão alta, um número de óbitos crescente”, destacou a secretária de Estado de Gestão e Recursos Humanos, Lenise Loureiro.

Entre as restrições, está a redução do horário de funcionamento do comércio e até o fechamento de bares. “Todos os espaços de lazer ficam, de fato, restritos, suspensos, porque a preocupação é enorme nesses municípios. O comércio tem que fechar às 20 horas, de segunda a sexta-feira, e aos sábado, até as 16 horas. No domingo, não há funcionamento do comércio. Apenas comércio essencial, como supermercado, padaria e farmácia, podem funcionar”, frisou a secretária.

De acordo com a procuradora-geral do Ministério Público Estadual (MPES), Luciana Andrade, somente o órgão ministerial realizou cerca de 80 mil atos relacionados à covid-19, em oito meses. “Reuniões, mais de uma vez por semana, foram realizadas para que a gente acompanhasse passo a passo toda a política, desde a compra de respiradores, contratação de insumos, assim como outras medidas legais que a gente entendia que era interessante o governo tomar. Ou dialogicamente a gente tabulava em conjunto”, pontuou a procuradora.

Uma das ações mais recentes do MPES foi notificar e recomendar municípios para que evitem eventos e fogos de artifício no Réveillon. “A gente percebeu a tendência na Europa, nos Estados Unidos e depois logo aqui, em São Paulo, chegando no Espírito Santo em ondas, e que se avizinhavam, então, esses festejos de fim de ano, que, para o brasileiro e para o capixaba, é um momento afetivo”, destacou Luciana Andrade.

Preocupação

Para o comércio, a possibilidade de restringir o horário de funcionamento das lojas, justo na melhor semana para as vendas, é inconcebível. “É agora que eles estão fazendo o seu melhor salário do ano, é agora que eles estão tendo a maior comissão do ano. Então nós não podemos cogitar isso neste momento. É uma hora de nós levarmos para nossas casas um pouco mais do que pudemos levar durante o ano todo”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Vitória (Sindilojas) e diretor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), Cláudio Sipolatti.

Para os bares, então, a situação é ainda mais dramática. “Nos pediram para que nós fechássemos por um período de oito meses, para que o sistema de saúde se adaptasse à demanda. Então assim nós fizemos. E quando pudemos voltar a trabalhar, agora nos pedem novamente que fechemos, num momento em que pagamos os décimos terceiros salários, um momento de final de ano, onde grande parte do setor não conseguiu, inclusive, sobreviver”, questionou o presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindbares), Rodrigo Vervloet.

Por isso, não há outra saída: cabe à população retomar as medidas de prevenção contra o coronavírus, que andam meio esquecidas. “As pessoas, cada vez menos, mostram adesão às recomendações sanitárias de distanciamento social, uso de máscara e de higienização das mãos. O resultado disso é dramático. O número de casos aumenta progressivamente. A tendência é que nós tenhamos, em breve, um pico de incidência bem maior do que nós tivemos no primeiro momento. Os hospitais vão se encher de pessoas”, alertou o médico infectologista Crispim Cerutti.

Fonte: Record Tv