Encontrados no Santuário de Anchieta, padres foram vítimas da gripe espanhola e cenário da época é parecido com o da Covid
Restos mortais de religiosos foram identificados por meio de botões e até abotoaduras. Padres foram enterrados debaixo do piso do santuário e no pátio há mais de 100 anos
Botões de plástico, abotoaduras, pregos industriais, restos de roupas e cacos de vidro foram objetos analisados pelos arqueólogos para identificação dos corpos encontrados no Santuário Nacional São José de Anchieta, em Anchieta, litoral Sul do Espírito Santo, durante a restauração do monumento que está em fase de acabamento.
Ao todo, 80 corpos de religiosos foram encontrados em dezembro do ano passado debaixo do piso do santuário e no pátio interno, que estavam enterrados há mais de 100 anos.
Os arqueólogos explicam que os relatos da época são parecidos com o cenário atual da Covid-19, uma pandemia global com milhares de vítimas e cemitérios lotados. No início do século XX, a Gripe Espanhola provocou a morte de 50 milhões de pessoas no mundo inteiro.
“A relação tem sua associação com a Gripe Espanhola que assolou o Estado, entre os anos de 1918 a 1920, vitimando muitos capixabas. No contexto de Anchieta, sabemos que o pátio interno do Santuário serviu como cemitério da cidade até o início do século XX, funcionando durante o período da Gripe Espanhola”, explicou o arqueólogo coordenador das pesquisas, Ricardo Nogueira.
Não há registro dos nomes das pessoas enterradas. Nogueira explicou que através das anotações do Padre Joaquim Rocha, de 1928 a 1933, os sepultamentos aconteceram desordenados na vila, de várias mortes por pestes e que causou uma situação desagradável, ocasionada pela decomposição dos corpos abaixo do piso da igreja.
Os ossos estavam quebrados, esmagados e alguns triturados, mostrando segundo o arqueólogo, que houve uma prática de compactação do solo para novos enterramentos.
“Vestígios encontrados e associados aos esqueletos foram botões de plástico, abotoaduras, os pregos industriais, restos de roupas e cacos de vidro, dentre outras peças. Sugerem tratar-se de enterramentos realizados no século XX”, revelou o arqueólogo.
A ossada encontrada foi retirada da terra e guardada em caixas de exumação.
A ossada será enterrada no Santuário novamente durante a missa de reenterro que será realizada pelo padre Nilson Marostica, reitor do santuário.
Exposição com relíquias
O reitor do Santuário São José de Anchieta, o padre Nilson Marostica, apresentou alguns objetos antigos da igreja que ficarão expostos para visita no santuário.
Foram restaurados pelo Instituto Modus Vivendi, mais de 80 objetos litúrgicos do século XVII ao século XX, que vão ficar expostos na sacristia. Entre os principais objetos está o cálice custódia do século XVII, usado como cálice e ostensório em prata dourada.
Restos mortais de religiosos foram identificados por meio de botões e até abotoaduras. Padres foram enterrados debaixo do piso do santuário e no pátio há mais de 100 anos (Foto: INSTITUTO MODUS VIVENDI / divulgação) https://bf6ab8299f3dca0042b67ceebd3cedba.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Botões de plástico, abotoaduras, pregos industriais, restos de roupas e cacos de vidro foram objetos analisados pelos arqueólogos para identificação dos corpos encontrados no Santuário Nacional São José de Anchieta, em Anchieta, litoral Sul do Espírito Santo, durante a restauração do monumento que está em fase de acabamento.
Ao todo, 80 corpos de religiosos foram encontrados em dezembro do ano passado debaixo do piso do santuário e no pátio interno, que estavam enterrados há mais de 100 anos.
Os arqueólogos explicam que os relatos da época são parecidos com o cenário atual da Covid-19, uma pandemia global com milhares de vítimas e cemitérios lotados. No início do século XX, a Gripe Espanhola provocou a morte de 50 milhões de pessoas no mundo inteiro.
“A relação tem sua associação com a Gripe Espanhola que assolou o Estado, entre os anos de 1918 a 1920, vitimando muitos capixabas. No contexto de Anchieta, sabemos que o pátio interno do Santuário serviu como cemitério da cidade até o início do século XX, funcionando durante o período da Gripe Espanhola”, explicou o arqueólogo coordenador das pesquisas, Ricardo Nogueira.
Não há registro dos nomes das pessoas enterradas. Nogueira explicou que através das anotações do Padre Joaquim Rocha, de 1928 a 1933, os sepultamentos aconteceram desordenados na vila, de várias mortes por pestes e que causou uma situação desagradável, ocasionada pela decomposição dos corpos abaixo do piso da igreja.
Os ossos estavam quebrados, esmagados e alguns triturados, mostrando segundo o arqueólogo, que houve uma prática de compactação do solo para novos enterramentos. https://bf6ab8299f3dca0042b67ceebd3cedba.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“Vestígios encontrados e associados aos esqueletos foram botões de plástico, abotoaduras, os pregos industriais, restos de roupas e cacos de vidro, dentre outras peças. Sugerem tratar-se de enterramentos realizados no século XX”, revelou o arqueólogo.
A ossada encontrada foi retirada da terra e guardada em caixas de exumação.
A ossada será enterrada no Santuário novamente durante a missa de reenterro que será realizada pelo padre Nilson Marostica, reitor do santuário.
Exposição com relíquias
O reitor do Santuário São José de Anchieta, o padre Nilson Marostica, apresentou alguns objetos antigos da igreja que ficarão expostos para visita no santuário.
Foram restaurados pelo Instituto Modus Vivendi, mais de 80 objetos litúrgicos do século XVII ao século XX, que vão ficar expostos na sacristia. Entre os principais objetos está o cálice custódia do século XVII, usado como cálice e ostensório em prata dourada. https://bf6ab8299f3dca0042b67ceebd3cedba.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Padre Nilson Marostica: relíquias (Foto: Roberta bourguignon)
Para o religioso, o santuário é um dos monumentos mais importantes da história do Brasil. “Quando a gente toca aqui, é a história do Brasil nessas paredes. São José de Anchieta é uma figura muito importante para o Brasil. Se não fosse Anchieta, o Brasil não seria o que é hoje em termos de religiosidade”, completa o padre.
O papa Francisco disse na missa de canonização de São José de Anchieta, que o padre lançou os fundamentos religiosos de uma nação.
O osso de São José de Anchieta que está no santuário é parte da tíbia. “Anchieta morreu aqui e como tinha sido provincial, foi levado para Vitória onde era nosso colégio maior. Depois foi levado para Salvador (na Bahia) onde era a cura provincial. O Marquês de Pombal expulsou os jesuítas, e o que estava na caixinha de madeira, o Marquês pegou para ele. E depois de rodar até em Portugal, voltou para cá somente parte da tíbia”, completou o padre.
O papa Francisco disse na missa de canonização de São José de Anchieta, que o padre lançou os fundamentos religiosos de uma nação.
O osso de São José de Anchieta que está no santuário é parte da tíbia. “Anchieta morreu aqui e como tinha sido provincial, foi levado para Vitória onde era nosso colégio maior. Depois foi levado para Salvador (na Bahia) onde era a cura provincial. O Marquês de Pombal expulsou os jesuítas, e o que estava na caixinha de madeira, o Marquês pegou para ele. E depois de rodar até em Portugal, voltou para cá somente parte da tíbia”, completou o padre.
Fonte: Tribuna online