A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado que ainda não há tratamento ou vacina de eficácia assegurada contra a covid-19
PUBLICIDADE
Cientistas tiveram resultados promissores em testes de remédios contra artrite reumatoide contra o novo coronavírus na França na última semana. Especialistas alertam, porém, que ainda faltam estudos mais aprofundados para comprovar os efeitos positivos dos medicamentos e também experimentos em um número maior de pacientes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado que ainda não há tratamento ou vacina de eficácia assegurada contra a covid-19.
O Tocilizumabe, do laboratório Roche, reduziu “significativamente” a proporção de pacientes que tiveram de ser transferidos para terapia intensiva, ou morreram, em comparação com aqueles que receberam tratamento padrão. A informação foi dada pela Assistência Pública-Hospital de Paris (AP-HP), responsável pela pesquisa.
É o “primeiro estudo comparativo randomizado” que “demonstra benefício clínico” deste tratamento em pacientes de covid-19 que com infecção grave, disseram seus organizadores durante coletiva de imprensa virtual.
Esses resultados ainda precisam ser “consolidados” e serão publicados em uma revista científica dentro de algumas semanas. A AP-HP explica que decidiu divulgá-los agora “por razões de saúde pública”, por causa da pandemia, e comunicá-los às autoridades sanitárias francesas e à OMS.
Estudo realizado pela firma de biotecnologia Regeneron Pharmaceuticals com a empresa farmacêutica francesa Sanofi S.A detectaram que o remédio Kevzara, também contra artrite, pode ajudar os doentes em estágio avançado da covid-19.
Os fabricantes informaram que continuariam testando altas doses de Kevzara só naqueles considerados criticamente doentes. A decisão foi baseada na orientação de um comitê independente que revisou os dados dos testes iniciais. Os dados mostram que o remédio não ajudou pacientes considerados graves, os que precisam de ventilação mecânica ou estão na UTI.
São necessários mais estudos, afirmam infectologistas
Especialistas ouvidos pelo Estado ressaltam que os dois medicamentos ainda não passaram por estudos de rigor científico e foram testados em um número reduzido de pessoas. Por isso, ainda não é possível afirmar que ambos têm 100% de eficácia. “Aguardamos os estudos para tirar a dúvida, porque o uso dessas medicações foi descrito de forma isolada. É preciso verificar também se o remédio é para todos”, explica o infectologista Esper Kallás, do departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da USP.
Kallás afirma que o Tocilizumabe e o Kevzara são responsáveis pelo bloqueio de uma citocina chamada interleucina-6,um mediador do sistema imune que faz parte da cadeia de inflamação.
Carlos Magno Fortaleza, infectologista da Unesp, estima que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que se encontre um medicamento que funcione contra a covid-19. “Precisamos aguardar estudos maiores. Embora a ciência precise ser emergencial, temos de manter o espírito questionador. Não vamos encontrar uma pílula mágica do dia para a noite”.
Fonte:Estadão