Universidade Federal de Pelotas fez estudo com base nos dados de mortalidade do Ministério da Saúde e comparou com imunizados
As vacinas contra a covid-19 começaram a ser aplicadas no Brasil no dia 17 de janeiro e em três meses evitou a morte de 13.824 idosos acima dos 80 anos. A conclusão foi de um estudo feito pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores usaram como base os dados do Ministério da Saúde de número de mortos e de cobertura vacinal, de 3 de janeiro até 22 de abril, e comparou com os óbitos antes da campanha de vacinação.
No ano passado, os idosos com mais de 80 anos representavam de 25% a 30% das mortes por covid-19. No mês de janeiro de 2021, esse índice chegou a 28% do total de óbitos causado pelo SARS-CoV-2. Em abril, o percentual caiu para 13%, o menor registrado nessa faixa etária desde o começo da pandemia.
Os cientistas verificaram também a resposta positiva dos imunizantes CoronaVac e Oxford diante da variante P.1, surgida a primeira vez no fim de 2020, em Manaus. Uma vez que a cepa amazônica foi a predominante no país no período da pesquisa.
O estudo foi publicado no MedRxiv, site ligado à Universidade de Yale que distribui versões pré-publicação de artigos científicos sobre ciências da saúde. “O rápido aumento da cobertura vacinal entre idosos brasileiros foi associado a um declínio importante na mortalidade relativa em comparação com indivíduos mais jovens, em um ambiente onde a variante P.1 predomina”, apontou os pesquisadores.
O epidemiologista Cesar Victora, líder do estudo da UFPel, afirmou ao site da instituição que é a primeira pesquisa feita em um lugar com predimínio da mutação brasileira.
“Estudos têm demonstrado a associação entre vacinação e declínio no número de hospitalizações e mortes em populações como a de Israel, por exemplo. No entanto, até agora, nenhum dos estudos populacionais sobre mortalidade havia sido realizado em um cenário de predominância da variante P.1, como é o caso do Brasil”, diz o médico.
O nível de cobertura vacinal com a primeira dose alcançou 50% entre as pessoas acima dos 80 anos na primeira quinzena de fevereiro; 80%, na segunda quinzena de fevereiro, e ficou em torno de 95% em março.
A queda na mortalidade dessa faixa etária desde fevereiro é compatível com um efeito protetor da primeira dose das vacinas e eficácia ainda mais alto a partir da segunda dose.
A CoronaVac representou 77,3% dos imunizantes aplicados no período da pesquisa e a Oxford, 15,9%.
Victora aponte que diante dos resultados positivos, a vacinação é a principal solução para conter a epidemia no Brasil.
“Uma vez que medidas como distanciamento social e uso de máscara não estão sendo uniformemente aplicadas na maior parte do país, o rápido progresso da vacinação continua sendo a abordagem mais promissora para controlar a pandemia em um país onde mais de 400 mil vidas já foram perdidas para a covid-19”, finalizou o infectologista.
Fonte: R7